A primeira edição de Milhões de gatos data de 1928. O livro, escrito e ilustrado pela norte-americana Wanda Gág, é um dos cem melhores picture books de todos os tempos, segundo a prestigiada revista acadêmica School Library Jornal (SLJ), além da publicação mais antiga do gênero ainda em catálogo nos Estados Unidos.
Em 1929, recebeu a menção Newbery Honor Book, da Association for Library Service to Children (ALSC), divisão da American Library Association (ALA). Já em 1958, a história de um homem muito velho, uma mulher muito velha e centenas, milhares, milhões e bilhões e trilhões de gatos foi laureada com o Lewis Carroll Shelf Award, da University of Wisconsin-Madison School of Education.
Em 2013, Milhões de gatos foi considerado pela New York Public Library (NYPL) um dos “100 Great Children’s Books” dos últimos cem anos. Em 2017, o livro foi incluído no Picture Book Hall of Fame pela American Booksellers Association (ABA), na categoria Indie.
É a primeira vez que esta obra-prima da literatura para crianças é lançada no Brasil.
Faixa etária
Voltado a crianças em fase de alfabetização ou já alfabetizadas, entre 5 e 7 anos, o que não impede que a leitura também seja divertida e recomendada para crianças menores, que realizem a leitura dos textos e imagens compartilhada com um adulto. Ou mesmo para nós, que somos bem maiores!
Sobre a autora
Wanda Hazel Gág (1893-1946) é uma premiada autora norte-americana de livros ilustrados, como Milhões de gatos (1928), The funny thing (1929) e The ABC Bunny (1933). A mais velha dos sete filhos de Anton e Lissi Gág, um fotógrafo e uma contadora de histórias imigrantes da região da Boêmia, na Europa Central, Wanda cresceu em um ambiente bucólico, no estado de Minnesota, em que práticas de desenho, pintura, música e leitura eram incentivadas. Estudou Arte nas instituições The Minneapolis School of Art e Art Students League of New York. Durante sua formação como artista, trabalhou como ilustradora comercial para garantir o seu sustento e o da família. Ainda em vida, o valor estético de suas produções foi reconhecido, sendo seu trabalho exibido em museus e galerias até os dias de hoje.
Sobre a tradutora
Nathalia Matsumoto é editora e tradutora, formada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).
Saiba mais sobre o livro
“Traduzir e publicar Millions of cats, mais do que apresentar uma nova autora ou disponibilizar em língua portuguesa um novo livro, é dar a oportunidade aos leitores brasileiros de entrarem no mundo de Wanda Gág (1893-1946), é permitir que uma história e personagens tão singulares possam povoar o nosso imaginário, expandindo-o.
Para mim, ler Millions of cats (1928) — e agora, graças aos esforços da Edições Barbatana, conhecido também pelos leitores brasileiros como Milhões de gatos — é uma forma de recolher pedaços, juntar partes dispersas; é ter por um imenso segundo a resposta para uma questão sem solução — “Qual é o sentido da vida?”. É preencher, por alguns instantes, o vazio, que há em mim, que há em todos, e que nos faz, por fim, humanos.
A Literatura, a imaginação, a liberdade de ser, a possibilidade de estar, mesmo que por um instante, organiza, dá forma: a nós mesmos, ao mundo. O real, não o faz. Ele, não.”
(Nathalia Matsumoto, out. 2018.)
“O modo como olhamos para a infância mudou muito nas últimas décadas. Por isso, é incrível que uma obra publicada em 1928 continue em 2018 recebendo prêmios e listada como um dos cem melhores picturebooks de todos os tempos, segundo a School Library Journal.
Nesta obra, o herói sai em busca do gato mais belo, aquele que poderá trazer a felicidade para seu lar. (Esse pressuposto, que associa beleza à felicidade, traz uma série de reflexões. Afinal, o que é o belo? Seria algo fixo ou construído? Seria capaz de nos trazer a felicidade?). Escolher aquele que será responsável por sua felicidade é no mínimo... uma escolha bem difícil. E claro que o herói desta história tem dificuldade em realizá-la. De fato, escolher um dos gatos significa abdicar de todos os outros. Por isso, o herói não consegue escolher, e acaba levando todos para a amada. Mas optar por não escolher também é uma escolha. E será preciso arcar com as consequências dela”.
(Renata Nakano, diretora do Clube Quindim, dez. 2018)
"O imperdível Milhões de gatos teve sua primeira publicação datada de 1928. Escrito e ilustrado pela autora norte-americana, Wanda Gág, pode ser considerado o primeiro álbum ilustrado norte-americano e merece um lugar na estante de todos os apaixonados por literatura infantil. Não à toa o livro figura entre os 100 melhores livros escritos para crianças nos últimos 100 anos e acumula ao longo deste tempo diversas premiações como o Lewis Carroll Shelf Award, da University of Wisconsin-Madison School of Education, laureado em 1958. Com enredo simples e característica marcante de conto cumulativo ou de repetição, o leitor é apresentado a uma velha que começa a refletir sobre o fato de que ela e seu marido vivem sozinhos, o que lhes provoca uma sensação de solidão, mas que, ao ser sanada, permitirá que sejam plenamente felizes. Será mesmo? Sem didatismo a autora nos convida a pensar sobre as escolhas que fazemos em nosso dia a dia, além de refletir sobre os conceitos de beleza e felicidade. É possível que a felicidade more dentro da beleza? De acordo com a velha da história, nada como um gatinho de estimação bem lindo para resolver o problema. Assim, pede a seu marido que percorra uma jornada em busca do mais bonito gato. Acontece que o homem, muito velho, em sua trajetória acaba se deparando com centenas, milhares, milhões, bilhões, trilhões de gatos e com tantas dúvidas, não consegue se decidir sobre qual levar para casa. A partir desse ponto, nos transportamos para a difícil missão do velho e pensamos “Como escolher apenas um? Qual o critério mais justo a se utilizar?”. Essas questões permeiam a construção temática da história e nos conduzem a 42 boas risadas. Todos os fatores citados aqui já seriam o bastante para validar a potência desse livro, contudo, Wanda Gág nos permite uma experiência inovadora ao nos conduzir para um estilo único de ilustrar. Como uma viagem no tempo, somos transportados para um traçado do começo do século 20, com características marcantes e com predominância das cores amarelo e preto. Uma edição linda e de colecionador, que provoca bons momentos de diversão e que surpreende com um final arrebatador e nem de longe previsível."
(Amanda Alves. Destaques Emília 2018, p. 42-43. Disponível em: http://revistaemilia.com.br/wp-content/uploads/2019/11/emilia-destaque-2018_FINAL.pdf])
Texto: Edições Barbatana